Você
começa a perceber que é uma pessoa azarada nas pequenas coisas. Eu por exemplo
comecei a observar que as coisas que eram fáceis para os outros, pra mim eram
sempre mais difíceis. Existem coisas que ninguém acreditaria que poderiam
acontecer, mas elas acontecem com você. Elas aconteceram comigo.
Vou
lhes dar uma pequena amostra para que entendam melhor, com pequenos
acontecimentos do meu cotidiano. Um dia eu já fui jovem, inocente e acreditava
que a vida era boa. Claro que eu não era idiota e gostava de andar de ônibus,
mas eu não ligava muito. Certo dia depois de estudar loucamente, peguei o metrô,
desci na estação Praça da Árvore e fui para a fila do ônibus. Geralmente eu
costumava ir a pé para casa, mas nesse dia estava com dor no pé e resolvi
esperar o bendito.
Passados
40 longos minutos na fila, finalmente ele estava chegando! Vermelho, pomposo,
brilhando ao sol do fim da tarde! Que emoção! Eu ia para casa! Contive meu
entusiasmo, esperei o ônibus parar e no momento em que a fila andou para que eu
pudesse colocar meu doído pezinho dentro do tão esperado transporte para casa,
uma pomba cagou na minha cara! Sim meus amigos, na minha cara! A merda escorreu
pela minha bochecha e por muito pouco não entrou na minha boca.
Recolhi-me
à minha insignificância, peguei o resto da dignidade que me restava, entrei no
boteco para me limpar e lá se foi meu ônibus chacoalhando rumo a minha casa. E
então, com ou sem pé, tive que voltar para casa andando toda cagada e com o
espírito na lama.
Anos
depois, quando eu estava na faculdade, outro evento sem igual se apresentou à
mim novamente em um ponto de ônibus. Acordei cedo, fui para o ponto esperar o
danado para ir à aula. Quando saí de casa um cachorrinho estava na porta, eu
brinquei com ele e fui andando. O danadinho veio andando ao meu lado. Chegamos
ao ponto e tinha umas 7 pessoas mais ou menos esperando também. O cachorrinho
começou a latir para mim pulando todo alegre, eu brinquei com ele e não mais
que de repente o desgraçado montou na minha perna!
Foi uma explosão de risadas para todos os
lados e um constrangimento absurdo que eu só pedia que Deus me levasse naquele
momento. Quanto mais eu chacoalhava a perna pra ele soltar, mais ele gostava! E
você faz o que? Chuta o cachorro? Espera ele terminar o serviço? Não! Você
junta a pouca dignidade que lhe resta e sai andando com a cabeça erguida para o
próximo ponto de ônibus torcendo pro cachorro não te seguir.
Agora
me digam, quais são as chances de você atravessar uma rua, que você atravessa
todos os dias da sua vida, e cair no bueiro? É isso mesmo! Você tropeça no
bueiro, cai de quatro no meio da rua e tem que levantar rapidamente como se
nada tivesse acontecido enquanto um ônibus vem ensandecido em sua direção. Você
levanta e sai andando igual ao Quasimodo tranquilamente, afinal, nada mais
comum que cair de quatro no meio da avenida...
Eu
sou o tipo de pessoa que odeia todo e qualquer tipo de esporte, odeio mesmo, do
fundo do meu coração. Eu me sinto ridícula correndo atrás de uma bola, ou
batendo nela, ou pedalando, ou fazendo qualquer coisa que me faça suar. Enfim,
um dia eu resolvi que ia à casa da minha amiga da faculdade e ia tentar algo
novo, eu ia de bicicleta. Que pessoa atlética! Mas eu acabei percebendo que
tenho um problema com meios de transporte no geral. A maior parte do percurso
era reta, então não havia nenhum esforço.
Chegando
na virada do Parque Municipal de Botucatu, tem uma descida bem íngreme. Como eu
não tinha prática de andar na bicicleta pensei comigo mesma: melhor descer e ir
empurrando a magrela pra não correr o risco de cair. Pois eu desci da
bicicleta, dei um passo, torci o pé, caí, a bicicleta caiu por cima de mim e
nós duas descemos uns bons metros rolando ladeira abaixo. Se isso não é Azar eu
realmente não sei mais como posso provar a minha teoria de que eu nasci cagada
de arara, ou de pomba ao que tudo indica.
Pobre Carol... e isso é só o começo!
ResponderExcluirPeripécias...
ResponderExcluirFantástico! Pelo visto é só a ponta do icebergue!!!! Vou acompanhando! Bjos!
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