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sábado, 11 de abril de 2015

O Azar

Você começa a perceber que é uma pessoa azarada nas pequenas coisas. Eu por exemplo comecei a observar que as coisas que eram fáceis para os outros, pra mim eram sempre mais difíceis. Existem coisas que ninguém acreditaria que poderiam acontecer, mas elas acontecem com você. Elas aconteceram comigo.


Vou lhes dar uma pequena amostra para que entendam melhor, com pequenos acontecimentos do meu cotidiano. Um dia eu já fui jovem, inocente e acreditava que a vida era boa. Claro que eu não era idiota e gostava de andar de ônibus, mas eu não ligava muito. Certo dia depois de estudar loucamente, peguei o metrô, desci na estação Praça da Árvore e fui para a fila do ônibus. Geralmente eu costumava ir a pé para casa, mas nesse dia estava com dor no pé e resolvi esperar o bendito.


Passados 40 longos minutos na fila, finalmente ele estava chegando! Vermelho, pomposo, brilhando ao sol do fim da tarde! Que emoção! Eu ia para casa! Contive meu entusiasmo, esperei o ônibus parar e no momento em que a fila andou para que eu pudesse colocar meu doído pezinho dentro do tão esperado transporte para casa, uma pomba cagou na minha cara! Sim meus amigos, na minha cara! A merda escorreu pela minha bochecha e por muito pouco não entrou na minha boca.





Recolhi-me à minha insignificância, peguei o resto da dignidade que me restava, entrei no boteco para me limpar e lá se foi meu ônibus chacoalhando rumo a minha casa. E então, com ou sem pé, tive que voltar para casa andando toda cagada e com o espírito na lama.


Anos depois, quando eu estava na faculdade, outro evento sem igual se apresentou à mim novamente em um ponto de ônibus. Acordei cedo, fui para o ponto esperar o danado para ir à aula. Quando saí de casa um cachorrinho estava na porta, eu brinquei com ele e fui andando. O danadinho veio andando ao meu lado. Chegamos ao ponto e tinha umas 7 pessoas mais ou menos esperando também. O cachorrinho começou a latir para mim pulando todo alegre, eu brinquei com ele e não mais que de repente o desgraçado montou na minha perna!


 Foi uma explosão de risadas para todos os lados e um constrangimento absurdo que eu só pedia que Deus me levasse naquele momento. Quanto mais eu chacoalhava a perna pra ele soltar, mais ele gostava! E você faz o que? Chuta o cachorro? Espera ele terminar o serviço? Não! Você junta a pouca dignidade que lhe resta e sai andando com a cabeça erguida para o próximo ponto de ônibus torcendo pro cachorro não te seguir.




Agora me digam, quais são as chances de você atravessar uma rua, que você atravessa todos os dias da sua vida, e cair no bueiro? É isso mesmo! Você tropeça no bueiro, cai de quatro no meio da rua e tem que levantar rapidamente como se nada tivesse acontecido enquanto um ônibus vem ensandecido em sua direção. Você levanta e sai andando igual ao Quasimodo tranquilamente, afinal, nada mais comum que cair de quatro no meio da avenida...


Eu sou o tipo de pessoa que odeia todo e qualquer tipo de esporte, odeio mesmo, do fundo do meu coração. Eu me sinto ridícula correndo atrás de uma bola, ou batendo nela, ou pedalando, ou fazendo qualquer coisa que me faça suar. Enfim, um dia eu resolvi que ia à casa da minha amiga da faculdade e ia tentar algo novo, eu ia de bicicleta. Que pessoa atlética! Mas eu acabei percebendo que tenho um problema com meios de transporte no geral. A maior parte do percurso era reta, então não havia nenhum esforço.



Chegando na virada do Parque Municipal de Botucatu, tem uma descida bem íngreme. Como eu não tinha prática de andar na bicicleta pensei comigo mesma: melhor descer e ir empurrando a magrela pra não correr o risco de cair. Pois eu desci da bicicleta, dei um passo, torci o pé, caí, a bicicleta caiu por cima de mim e nós duas descemos uns bons metros rolando ladeira abaixo. Se isso não é Azar eu realmente não sei mais como posso provar a minha teoria de que eu nasci cagada de arara, ou de pomba ao que tudo indica.


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