Eu
sempre quis escrever um livro. Sempre achei mágica a vida do escritor e o que o
leva a histórias tão fascinantes. Durante muitos anos me perguntei se um dia eu
teria a inspiração para compor grandes romances, aventuras repletas de guerras
e tramas políticas intrincadas em cenários majestosos; e as obras de arte de grandes
escritores como J.R.R. Tolkien, Marion Zimmer Bradley, Bernard Cornwell, Anne
Rice, Maurice Druon povoaram a minha mente com tanta magia e acontecimentos surpreendentes
que um dia eu parei e disse para mim mesma: Você vai escrever um livro!
Sou
uma apaixonada pela Idade Média, como todo bom nerd que não é fã de Star Wars,
então me sentei em frente ao computador, coloquei minha coleção de músicas
celtas (isso mesmo, celtas) para tocar e ir entrando no clima. E eu escrevi...
Escrevi durante horas e os cenários foram brotando em minha mente... o cheiro
do capim molhado pelo orvalho numa manhã tão distante numa cidadezinha no sul
da Inglaterra, as crenças de um povo e suas lutas para defende-las, os costumes
de outra época, a chegada avassaladora do cristianismo matando os velhos
deuses, as diferenças de classe entre nobres e camponeses e toda uma gama de
detalhes que ao final do dia eu já tinha quase 60 páginas!
Uau,
você nasceu para isso! E é aquele momento quando você para de escrever, relê
tudo aquilo e pensa consigo mesma: Meu Deus, que BOSTA! Não que tenha sido mal
escrita ou que a história em si não fosse boa, mas meus personagens não tinham
aquilo que me faz amar tanto os bons escritores: ALMA. Eles eram técnicos, eles
eram perfeitos, eles eram vazios... Mas calma, eu posso consertar isso. Então
eu salvei o arquivo e fui dormir.
Os
dias se passaram sem que eu pudesse ao menos sentar em frente ao computador e
arrumar aquela história. Mas o dia de inspiração veio, e eu me sentei, reli e
fui adicionando detalhes e nuances de personalidade em cada um deles que me
deixaram realmente orgulhosa do meu novo trabalho. Aquele era um livro que eu
poderia ler, aquele era um livro que as pessoas gostariam e não o tipo de
trabalho que só a sua mãe acha bonito. Eu era uma escritora!
Nesse
momento da minha vida eu era praticamente um Shakespeare e as páginas brotavam
com uma facilidade e uma riqueza de detalhes de dar inveja... mas a realidade
da minha existência já estava à espreita e conspirando para punir qualquer
sentimento de vitória ou a mera vaidade.
E
essa realidade tão fortemente arraigada ao meu ser é chamada de Azar, não
simplesmente azar, mas Azar, com letra maiúscula como um nome próprio. Por que
o Azar não é o mero antônimo da sorte, ele é uma entidade! Você não precisa
bater cabeça no terreiro pra ele baixar, ele é matreiro, esperto, come quieto e
quando você menos espera, ele já tomou conta da sua vida. Eu vejo o Azar como
um singelo trevo que nasce no seu jardim, ele é pequeno, único, mas aos poucos
ele vai se espalhando e quando você percebe, não existe mais grama, apenas
trevos, e não se engane, nenhum deles terá 4 folhas.
Cada
pensamento, cada ação, cada pequeno deslize que você sonhar em cometer, ele
estará lá por que ele sabe, ele te conhece e ele vai levar toda vantagem que
puder sobre você.
Você
conhece a Lei de Murphy? Edward Murphy era um engenheiro aeroespacial norte
americano que estava trabalhando em um projeto que foi arruinado pelo não
funcionamento dos sensores mal instalados que iriam provar sua hipótese, e foi
o primeiro a ser arrebatado por sua própria lei: Se existe alguma chance de dar
errado, vai dar... e digo mais, vai ser comigo!
E
foi assim que em um belo dia de sol, quando os pássaros cantavam e a vida era
boa que um pequeno trevo surgiu no meu jardim... o digníssimo computador travou de uma forma
tão espetacular que teve que ser formatado e lá se foi meu tão precioso
livro... Mas você acha que eu não tinha salvo minha obra de arte? É claro que
sim! Eu salvei! Em um disquete... Sim aquelas coisinhas quadradas e coloridas
que só são usadas nas aulas de informática da faculdade no primeiro ano, por
que afinal de contas, a tecnologia ainda não atingiu o nível acadêmico e, ao
que tudo indica, nem a mim.
Sim,
eu tinha um disquete, não apenas um, eu tinha duas caixas de disquetes
coloridos e em um deles, estava o meu querido livro. Não me preocupei mais com
ele então, ele estava à salvo.
A
vida cotidiana não me deixava mais escrever, e ele foi ficando de lado. Até que
um belo dia, ficamos prósperos o suficiente para comprar um novo computador.
Nossa que alegria! Tudo novo, mais rápido, mais moderno, tudo que eu sempre
quis.
O
tempo nos traz coisas boas e ruins, e com o tempo vem as mudanças tecnológicas
tão intensas que na maioria das vezes não conseguimos acompanhar. E foi assim
que o senhor Azar veio até mim, disfarçado de tecnologia para roubar de vez meu
livro... por que o novo computador, não tinha drive de disquete e, o velho, já
não funcionava mais. Vai com Deus meu pequeno livro, vá em paz!
(Quando um simples juntar de beiço exprime toda minha alegria de viver)
Para a nossa alegriiiiaaaa....
ResponderExcluirQue legal que VC está escrevendo... Seja sobre o que for..
Você nasceu pra escrever.. Isso é dom... Ainda vou nim lançamento seu... Certeza..
Muito obrigada Ana. Espero ter inspiração pra continuar rs
ExcluirCarol, não tenho dúvidas que terá inspiração sempre! Vc tem o dom para escrever!! Estou super feliz por ter tomado essa iniciativa.. vc é um talento!! bjos
ResponderExcluir