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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O dia em que eu vi a morte...





            Esse é um breve relato sobre o dia em que eu quase vi a morte e seria uma morte digna de piadas eternas...


            Poucas coisas na vida são tão libertadoras quanto poder chegar em casa, tirar a roupa e tomar um bom banho. E não precisa ser depois de um looongo dia de trabalho, pode ser depois de uma ida ao mercado, ao shopping, ao correio, qualquer lugar que te faça sair de casa, o importante e chegar em casa e tirar a maldita roupa!




            Ao longo dos anos, adquiri o habito de andar sem roupa em casa e não havia nenhum problema quando só haviam mulheres na casa, mas como o hábito faz o monge... é realmente incômodo ter que vestir roupas, elas te apertam, te esquentam, e irritam. Eu odeio roupas. Obviamente que não sou uma daquelas pessoas naturalistas, mesmo por que acredito que não devo causar horror à população no geral, mas dentro de casa tudo é permitido.


            Quando me mudei para Botucatu para fazer faculdade as coisas não eram tão permitidas assim. Quando você mora com outras pessoas não pode simplesmente andar pelada dentro de casa... existem regras! Morávamos em 3 meninas na casa e a regra era a seguinte: se você quer sair pelado pela casa, beleza, só precisa dizer às outras: "fecha a porta que eu vou correr pelada" e cada uma entrava para seu próprio quarto sem nenhum problema, essa é uma das maravilhas de se conviver com pessoas civilizadas.




            Mas os finais de semana eram realmente libertadores! Chegava da faculdade na sexta-feira à noite, já tirando a roupa no quintal e só voltava a colocar no domingo quando as meninas iam chegar. E então Murphy resolveu que eu estava muito satisfeita e livre demais e achou por bem colocar um fim à essa farra do balanga teta...


            O dia era domingo... e eu estava sozinha em casa. Se você já morou em uma república sabe o significado da palavra “gambiarra”. Pois havia uma bem grande no meu quarto. Só tinha uma tomada, então eu puxava uma extensão com um benjamin ligado no outro de forma que eu conseguisse ligar a televisão, o dvd, o abajur, o ventilador, o carregador do celular, o computador e tudo que houvesse no quarto, e essa extensão passava embaixo da minha cama.   





Domingo pra mim era dia de faxina, as meninas só chegavam de noite então eu podia vadiar o sábado todo, no domingo eu fazia a faxina no comecinho da tarde e podia descansar o resto do dia. Esse dia estava particularmente calor então, depois da faxina, fui tomar um banho frio para refrescar, obviamente não coloquei roupa após o banho e fui deitar um pouco na frente do ventilador pra acabar com o calor de vez... mas então o ventilador não funcionou por que a gambiarra dos fios era um pouco instável...




Eu havia acabado de passar pano no meu quarto e ainda estava molhado, mas como eu ia entrar correndo e pular na cama não havia problemas, ele ia secando aos poucos enquanto eu dormia, mas havia o maldito ventilador. Sou uma pessoa que tem alguns hábitos que não podem ser mudados. Eu não consigo entrar no quarto sem ligar o ventilador... não consigo dormir no silêncio, tem que ter o barulhinho dele. Derrotada pelo meu TOC, resolvi que teria que arrumar a gambiarra, então, decidi que iria deitar no chão molhado mesmo e depois tomaria outro banho.




E foi o que eu fiz... desci da cama, deitei no chão molhado sem roupa e fui mexer na gambiarra embaixo da cama. Peguei meu corpinho de fada, me arrastei para debaixo da bendita cama e no momento me que peguei a extensão a desgraçada me deu um choque que eu fiquei com a mão presa nela...


Alguns pensamentos passaram pela minha cabeça naquele momento:
1.       Como você é burra!
2.      Kct você é muito imbecil por mexer numa tomada no chão molhado.
3.       Por que raios você não colocou uma roupa pra fazer essa merda?
4.      Que cena dantesca deve ser essa eletrocussão de uma mulher gorda, pelada embaixo da cama no chão molhado.
5.      Imagina se as meninas chegam e me acham morta, pelada embaixo da cama?
6.      Imagina o que vão falar para os meus pais...
7.      Solta o inferno do fio!



E então eu soltei a extensão e sobrevivi não ao meu intrínseco azar, mas à burrice congênita!

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